Sobre outro o outro homicídio cometido pelo Novo Escritório do Crime cuja vítima foi o miliciano Neris Peres Júnior, ele foi planejado da seguinte forma, segundo denúncia do Ministério Público Estadual do Rio
No dia 14 de setembro de 2021, Rodriguinho enviou mensagem para o PM Bruno Estilo dizendo que Papa perguntou se ele estaria de “bobeira” para o grupo fazer um “trabalho”, então consistente em “pegar um maluco” da “área”.
A “área” referida pelos interlocutores é a região de Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma vez que tais criminosos atuam justamente naquele território de Bangu, Padre Miguel e Realengo (todos fronteiriços), e onde justamente Neri foi morto.
Bruno falou que ia mandar Jhony ((que se sabe se tratar de Diony Lancaste, preso portando ilegalmente a arma particular de Estilo), buscar a “peça” (arma) para o cometimento do homicídio.
Os criminosos fizeram o monitoramento da vítima e realizaram um reconhecimento do local, tudo para compreender a melhor forma de abordagem.
Contudo, enquanto se organizavam para buscar o armamento e cometer o crime, a vítima acabou saindo do local e frustrou a empreitada, ao menos naquela data:
Rodriguinho, então, “planejou nova investida, especialmente por dispor de informação de que a vítima costuma estar naquela localidade (Realengo) com frequência:
No dia 24/09/21, Rodriguinho voltou a procurar Bruno Estilo dizendo que Papa ou 2P , “pediu para verificar se seria possível o grupo se reunir para voltar a tentar matar o “rapaz na área” (referência à Realengo), o que foi afirmativamente respondido pelo PM ”.
“Amanhá depois do almoço para ver se resolve o rapaz da área”, disse Rodriguinho
“Já é, bandido”, falou Bruno Estilo.
Contudo, apesar do grupo ter planejado nova investida contra a vítima, o crime não se consolidou por fatores externos, possivelmente em razão de não ter sido encontrado o cenário fático favorável.
Foi feita então uma nova investida.
“Mano, só se for até umas quatro e meia. Que seis horas eu tenho que estar na Barra com minha mulher, porque ela vai para uma consulta lá do bagulho que ela vai fazer. Tenho que estar seis horas na Barra”, disse Bruno.
Rodriguinho, então, pediu a Bruno que providenciasse o “62”, em referência aos fuzis de calibre 7,62, utilizados pela ORCRIM, que, então, seriam utilizados na prática delitiva.
Chamou a atenção a gana de morte ostentada pelos criminosos, que desejam utilizar material bélico de alto potencial para, segundo dito, “estragar” a vítima:
Bruno, um pouco mais cauteloso, ainda tentou ponderar sobre a utilização de fuzis de calibre 7,62 durante à luz do dia, o que foi ignorado pelo comparsa por compreender que o local seria tranquilo:
“Sem necessidade né mano? Essa hora do dia, pô, fazer maior estardalhaço do c”, disse Estilo
Contudo, apesar de haver registros documentais do encontro dos criminosos para a prática do referido crime, mais uma vez tem-se que a investida homicida não foi exitosa. .
No dia 30/09/21, “Rodriguinho seguindo o mesmo roteiro anteriormente delineado, voltou a fazer contato com “Bruno dizendo que o “2P” quer saber quando dá para irem atrás e matar o alvo.
Ele mandou o áudio em que pergunta se seria possível buscar Bruno” no dia seguinte (01/10/21) para fazer a missão:
““Coé viado, aí… (inaudível) pediu para falar contigo aí se dá pra te buscar amanhã dez horas pra gente fazer essa parada… p… muito chato… resolver logo isso… p…
Deus me livre.”
Bruno, então, respondeu “deixando claro que toda a empreitada que envolve a morte do alvo de “Realengo” (constantemente monitorado) estaria objetivamente ligada ao Papa ou 2P e Thiago Soares Andrade Silva, o Batata, que controlava o comando dos assassinatos praticados pelo grupo criminoso.
“Ele acha que eu tenho a vida dele né? Saio do serviço e tenho meus compromissos mano. C…, “2P” pqp… parece que só tem eu de polícia no bagulho mano. Depois eu vou conversar com o “Soares” mano. Foda mano, não estou vivendo mais não. Às vezes eu deixo de marcar minhas coisas, de resolver minhas coisas… porque p.., eu marco um bagulho e toda hora tem missão. P…!”
Bruno Estilo mandou nova mensagem em que confirmou que irá participar da sobredita morte, desejando, assim, que o alvo logo seja localizado.
Na mesma oportunidade, o PM” evidenciou que o homicídio seria praticado mediante paga, o que se infere da comemoração de que haveria uma “merendinha extra” para o final de semana.
“Fala neguinho… Tomara que esse moleque boie logo amanhã pra gente resolver logo isso. Acabar logo com essa agonia. Não aguento mais. E vem uma merendinha extra! Curtir o fim de semana seu safadinho! Confirmado!
Rodriguinho mandou mensaggem para Bruno perguntando se poderia resolver o caso no dia 4/10/2021
“Fala! Amigo mandou mensagem perguntando aqui se dá pra tu amanhã? Resolver aquela parada lá logo.”
Bruno confirmou que poderia ir na empreitada criminosa e ainda explicitou que era justamente o alvo de Realengo, bem como ele e ele atuaria junto à múltiplos criminosos, tanto para Batata como para o miliciano André Boto.
“Qual, esse aí de Realengo aí? Vamos embora, mano! Boto ficou de me dar uma missão pra mim ir com o Play amanhã também, ficou de me confirmar hoje. C…, trabalho aqui, trabalho na Polícia, trabalho aí, trabalho com o Boto… C.. meu irmão, não tenho mais para nada. Que loucura. A meta é ficar milionário!”
No dia seguinte (04/10/21), então, os criminosos se encontraram por volta de 11:30h na localidade conhecida como “CDA” (Caixa D’água), em Padre Miguel, e rumaram para Realengo na busca pelo alvo.
Neri foi morto no dia 04/10/21 por volta das 12:50h, tendo o seu corpo sido encontrado às 13h em via pública, atingido por mais de trinta disparos de armas de fogo, dentre as quais ustamente aquelas de calibres utilizados pelos criminosos.
Se não bastasse, Rodriguinho e Bruno debocharam da morte de Neri trocando entre si fotos da referida vítima já morta no local, bem como dizendo em tom irônico que Realengo está “perigoso”
“Que p… hein? Bagulho de Realengo está muito perigoso. Tem mais foto aí?”, disse Bruno.
Estilo depois mandou mensagem para Boto confessando o crime.
“Viu o maluco que a gente pegou ontem? Viu? Lá em Realengo.”, disse ele, mandando uma foto do morto para o comparsa.
Boto disse que também esteve atrás de Neri para o matar em outras oportunidades, tendo diligenciado na sua busca por cerca de 05 (cinco) vezes:Foi ele quem formeceu os armamentos para serem usados na morte da vítima.
Bruno respondeu para Boto dizendo que se soubesse tinha, no passado, teria ido atrás de Neri, para ganhar mais, pois dessa vez ganhou aquilo que chamou de “apenas o pagamento normal”.
“Se eu soubesse disso naquela época eu tinha ido mais vezes, ia ganhar muito mais. Dessa vez eu não ganhei nada, só o pagamento normal”.
Bruno também ficou encarregado por Boto e Batata de ocultar os fuzis utilizados pela quadrilha. Ele disse que o armamento tinha que ser deixado com alguém que possui facilidade para ser acionado com urgência, pois toda hora teria “missão”. “
Bruno ainda pedia armas para Boto para seu uso pessoal.
““É isso, vê aí o que tu acha melhor aí e o c….. Vê aí logo para separar um “bico” aí pra mim cara, um menor que tiver aí. Um pequeno, pra não chamar a atenção. Três carregadores está bom.
Bruno se referia ao grupo como a tropa do “estilinho”! Tropa do “Red (Boto)”! Tropa do Batatinha.
FONTE: MPRJ