Em pouco tempo depois da morte do traficante Professor do Alemão, e da decisão de soltar o funkeiro MC Poze do Rodo. a Polícia Civil do Rio de Janeiro faz uma operação para desarticular o núcleo financeiro do Comando Vermelho, responsável pela lavagem de mais de R$ 250 milhões. Os valores são oriundos do tráfico de drogas e da aquisição de armamentos de uso restrito.
As investigações identificaram Professor, como uma das figuras centrais da engrenagem financeira do Comando Vermelho, responsável por eventos como o “Baile da Escolinha”, que funcionava como ferramenta de dominação cultural e captação de recursos para o tráfico de drogas e armas.
O criminoso morreu neste domingo (01/06), mas este fato não compromete o andamento do inquérito, tampouco interfere nas medidas judiciais em curso. Mesmo com sua morte, permanece clara sua importância dentro do esquema, sobretudo na consolidação da cultura do tráfico e na estruturação de empresas de fachada para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo.
A apuração revelou outro nome de destaque, a influenciadora digital Vivi Noronha, e esposa de MC Poze do Rodo, preso na última quinta-feira (29/05). Ela e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos oriundos da facção Comando Vermelho, recebidos por meio de pessoas interpostas (“laranjas”) com o objetivo de ocultar a origem ilícita do dinheiro. As análises financeiras apontam que valores provenientes do tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram canalizados para contas bancárias ligadas à mulher, que passou a ser um dos focos centrais do inquérito.
A posição dela, segundo os agentes, na estrutura criminosa é simbólica, pois representa o elo entre o tráfico e o universo do consumo digital, conferindo aparente legitimidade a valores oriundos do crime organizado e ampliando o alcance da narcocultura nas redes sociais.
As investigações apontam ainda que um restaurante situado estrategicamente em frente ao local onde é realizado o “Baila da Escolinha” funcionava como ponto de lavagem de dinheiro, movimentando recursos provenientes do tráfico sob a fachada de atividade empresarial lícita. O local era utilizado como polo logístico e símbolo de poder da facção, conectando a vida noturna da comunidade à engrenagem financeira do Comando Vermelho.
Outra empresa com papel relevante no esquema é uma produtora identificada como operadora de lavagem de dinheiro e fomentadora de bailes funk promovidos por integrantes da facção, que funcionavam como ponto de venda de drogas e difusão da narcocultura. As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do Comando Vermelho, recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas interpostas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos lucros do tráfico.
Entre os remetentes identificados nas análises financeiras, destacam-se um segurança pessoal do traficante Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, chefe da facção no Complexo do Alemão, e outro indivíduo com histórico relevante no sistema financeiro informal ligado à facção, e procurado pelo FBI por suspeita de atuar como operador de valores para a Al-Qaeda, conforme dados de cooperação internacional.
Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
A ação inclui ainda ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias. O esquema criminoso utilizava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades.
FONTE: Polícia Civil do RJ