Segundo um relatório do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, grupos Paramilitares, ou milícias, já controlam 25,5% dos bairros do Rio de Janeiro, em um total de 57,5% do território da cidade.
O tráfico de drogas, cujas principais facções —Comando Vermelho, Terceiro Comando, Amigos dos Amigos— possuem juntas o domínio de outros 34,2% dos bairros e 15,4% do território.
Ao todo, 3,7 milhões de pessoas vivem em local controlado por algum grupo criminoso, ou o equivalente a 57,1% da população.
Apesar do início dessa ocupação ter surgido nas comunidades pobres do Estado, atualmente esses grupos criminosos dominam os subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, e diversos municípios da Baixada Fluminense, ostentando armas de grosso calibre em plena luz do.
dia, matando, extorquindo e aterrorizando moradores de forma extremamente covarde e cruel. Tanto o tráfico de drogas como as milícias, disputam o controle de conjuntos habitacionais, loteamentos irregulares, comércio de gás, serviços de telefonia e internet, atuando inclusive no furto de derivados de petróleo nos dutos da Petrobras.
Como todas essas atividades criminosas são lucrativas, traficantes e milicianos vêm formando alianças e fundindo o seu modus operandi, surgindo as chamadas “narcomilícias”, onde marginais se agrupam em bandos fortemente armados, com treinamento militar e quealém do tráfico de drogas, desenvolvem outras atividades originariamente típicas de milícia.
O que todos esses grupos marginais têm em comum, é o controle territorial obtido através de seu domínio armado
O domínio armado deve ser compreendido como a atuação dos grupos ou redes que exercem controle territorial armado e regulam atividades econômicas ilegais e irregulares, em um território específico, fazendo uso da coação violenta como principal recurso desustentação de seu governo criminal. Sua natureza instável, provisória eluida demanda disputas continuadas e concessões pactuadas entre atores criminais e destes com agentes estatais.
Esse controle armado é uma manifestação de uma espécie de governo autônomo, sempre em conflito latente com outros concorrentes (“tráfico” e “milícias”) e em confronto amistoso e transacionado com o Estado (polícias, políticos e burocratas). Esse status deextrema e contínua violência possibilita apreender as articulações entre osfins de sua política, as estratégias de seus negócios, as táticas comerciais de suas competições e as necessidades logísticas de sustentação territorial.2
Esses grupos brigam entre si pela conquista de territórios no Estado, expansão que permite aumentar o lucro das atividades criminosas. Nessa batalha, a violência não tem limites, e nem sempre atinge integrantes de grupos rivais, mas os cidadãos cariocas e fluminenses que residem nesses locais e nos seus arredores.
Outrossim, relevante destacar, tais organizações criminosas atuantes no Rio de Janeiro não somente vivem do tráfico de drogas. Com a intenção de maximizar os lucros e amortecer prejuízos causados pela polícia e facções rivais, tais grupos realizam roubos de veículos, roubos de carga, furtos de caixa eletrônico, abrigo de clínicas de aborto em favelas, bem como exigir indevidas vantagens de comerciantes, monopólio de serviços irregulares como o fornecimento de gás em botijão, sinal de televisão à cabo, internet, mototaxis etc.
Dentro de seu território, local onde o Estado de Direito não existe, seus líderes controlam todas as atividades ilícitas realizadas e incrementam seus lucros. É quase inimaginável que em pleno Estado do Rio de Janeiro, um dos locais mais conhecidos e belos do mundo,boa parte de seu território é imune a legislação e vive sob o império de regrasde extrema violência e crueldade.
Além disso, quando algum morador se opõe a alguma atividade do grupo, ele é capturado, torturado e morto, para que sirva como
exemplo aos demais moradores. Trata-se de uma forma de propagação de uma intimidação difusa e extremamente convincente, até porque esses atos
de violência são filmados e divulgados na localidade
FONTE: MPRJ